quarta-feira, março 08, 2017

NEM APANHAR, NEM BATER: COMO PÔR FIM ÀS BRIGAS NA ESCOLA

Apesar de comuns, desentendimentos devem ser acompanhados de perto para não se transformarem em agressão física ou até bullying.
O brinquedo pode ser da escola, do vizinho, do amigo. Mas o senso de propriedade é ignorado por grande parte das crianças, que, em meio à brincadeira, tomam para si o maior carro ou a boneca mais bonita. Não é proposital. É que os pequenos ainda não têm noção de que os objetos pertencem a alguém – o que pode resultar em algumas brigas na escola ou na creche. Nessas horas, os pais enfrentam um dilema: deixar que apanhem ou incentivá-los a se defender? Para especialistas, nenhuma dessas alternativas é a mais adequada. A saída é sempre o diálogo.
Uma criança de três anos é egocêntrica e tenta conquistar o próprio espaço, explica a psicóloga e professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lavínia Ximenes. “Ela briga porque pensa que o direito é só dela”, detalha. Como os pequenos ainda não internalizaram o entendimento de cedência, que é desenvolvido ao longo da infância, essas situações são comuns. Sem pedir licença para usar um brinquedo que não é dela, a criança pode provocar um colega, levando a tapas, mordidas, empurrões e puxões de cabelo.
Mas não adianta resolver o problema da violência incitando uma reação semelhante. Tampouco deixar que o filho se submeta aos outros alunos. A psicóloga Beatriz Acampora e Silva de Oliveira orienta que as crianças procurem ajuda de um responsável e informem o ocorrido. Para isso, os educadores também devem estar atentos e ser acessíveis, da mesma maneira que os pais devem conversar em casa e ensinar aos filhos sobre como reagir. “Defender-se não significa agredir de volta, mas não silenciar diante da situação”, esclarece. Caso a criança ache que não pode fazer nada para mudar, isso pode se transformar futuramente em um caso de bullying, alerta a especialista. “A orientação é sempre não se deixe intimidar. Pode reagir no sentido de denunciar. Não apanhar e também não bater”, afirma Lavínia.
O diálogo entre pais, escola e crianças é crucial para resolver os conflitos durante as aulas. Beatriz ressalva que desentendimentos são normais, principalmente entre os mais novos, que ainda não sabem como se expressar, mas é preciso ficar atento para que o desentendimento não vire agressão física. A instituição também pode contribuir, mantendo um número adequado de alunos em cada sala. Assim, o educador pode observar de perto e dar a devida atenção a todos. Mas, no caso das crianças mais velhas, o cuidado deve ser ainda maior. Isso porque aos 8 ou 9 anos já se tem consciência de que empurrar outra pessoa é errado.
“Uma criança só agride outra porque deseja muito algo e não sabe ainda como se expressar, ou ela está se defendendo”, explica Beatriz. A intenção, ausente na criança menor, pode exigir que os pais relembrem conceitos de certo e errado. Em casos mais graves, a psicóloga indica a possibilidade de se procurar ajuda profissional, para entender por que a criança está se tornando agressiva. “O ambiente em que a criança está inserido tem de ser saudável”, destaca Beatriz. Nesses casos, o incentivo dos pais à violência pode, mais tarde, se voltar contra eles próprios.

Matéria publicada em portal Terra  


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