segunda-feira, março 28, 2016

MEDIDAS E AVALIAÇÕES NO ESPORTE


MEDIDAS E AVALIAÇÕES NO ESPORTE


O emprego das medidas e avaliações tem grande importância no meio esportivo. Tanto para atletas de excelente desempenho como para indivíduos que apenas querem se exercitar, esse conjunto de técnicas ajuda a avaliar o condicionamento para elaborar um plano de trabalho com o objetivo de atingir um nível de alto rendimento ou simplesmente melhorar a aptidão física.
Aptidão física é a capacidade que um indivíduo tem de realizar as tarefas do dia a dia com o mínimo de esforço e desconforto. Por meio da avaliação física, verificamos não apenas as limitações do indivíduo, mas também seu potencial.
A avaliação física compreende:
os dados antropométricos – estatura, peso corporal e circunferências;
exame da composição corporal – relacionado às quantidades relativas de gordura corporal e massa corporal magra (ossos, músculos, pele, líquidos e outros tipos de tecidos não gordurosos);
teste de flexibilidade – capacidade de movimentar as articulações em grande amplitude;
teste da capacidade de força de resistência – capacidade de o músculo manter um nível de força em repetidas contrações por um período de tempo;
teste de aptidão aeróbica – capacidade de os sistemas circulatório e respiratório realizarem tarefas envolvendo grandes grupos musculares por períodos prolongados de tempo.

Algumas definições sobre o tema ajudam a entender o que diferencia um simples teste de uma avaliação.
Teste – trabalho específico, utilizado para “medir” um conhecimento ou habilidade de uma pessoa. Um exemplo bastante conhecido na Educação Física é o teste de Cooper.
Medida – técnica que ilustra, por meio de análises objetivas e precisas, dados quantitativos, as qualidades que se deseja medir.
Avaliação – processo que, ao considerar as medidas, pode mostrar e comparar critérios.
Análise – por meio da análise, consegue-se visualizar o trabalho desenvolvido; isso permite que se criem condições de entendimento do grupo e que se consiga situar um indivíduo dentro desse grupo.
Para as pessoas que querem somente acompanhar seu desempenho na vida diária e no esporte recreativo, a avaliação física simples já é suficiente, pois ela revela a porcentagem de gordura corporal, força, flexibilidade, resistência e capacidade cardiorrespiratória do indivíduo. Tais dados já são suficientes para que se possa ter o acompanhamento de um profissional de Educação Física para seu desenvolvimento.
No caso dos atletas de alto rendimento, os testes aplicados vão muito além de uma simples avaliação física. Muitos clubes aplicam testes avançados ou mais complexos, com o uso de aparelhos específicos, a fim de conseguirem dados importantes para a manutenção das capacidades físicas dos atletas, como força, potência, velocidade, resistência muscular localizada e agilidade.

TESTES DE APTIDÃO
Para os atletas considerados de elite, as capacidades motoras são avaliadas constantemente, buscando-se um melhor desempenho de suas funções. Quanto maior o grau de conhecimento, mais específico e mais próximo da alta performance fica o treinamento.
O desenvolvimento das capacidades motoras ajuda na realização de movimentos em maior quantidade, enquanto as habilidades motoras atuam na qualidade de execução dos movimentos. Todo esporte requer uma ou mais habilidades motoras. Trata-se de uma qualidade que desenvolvemos e aprendemos na prática, por meio de repetições e correções. O desenvolvimento das capacidades motoras contribui para o aprimoramento das habilidades e vice-versa. Por exemplo: no salto com vara, o atleta tem uma habilidade de torção do corpo que só se adquire com flexibilidade, força e velocidade suficientes para chegar o mais alto possível durante o salto. Os exercícios empregados para se aprimorar as habilidades motoras também contribuem para a melhora das capacidades motoras.

As habilidades motoras são medidas por meio de baterias de testes, de acordo com o objetivo pretendido. As valências físicas empregadas nos testes são: força, resistência muscular localizada, velocidade, potência, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e coordenação.

Força - Considerada uma das valências físicas mais importantes para a realização de qualquer tipo de movimento, ela é indispensável, seja para elevar uma simples caneta, seja para levantar 150 kg. Pela definição, força é a capacidade de usar energia mecânica, produzindo contrações, que levam o segmento ou o corpo a, vencendo resistências, superar oposições criadas pela ação das leis que regem o Universo. Mais adiante serão abordados, em detalhe, os diversos tipos de força. Para se medir a força são usados testes dinamométricos, que podem medir grandes ou pequenos grupos musculares e músculos isoladamente, conhecendo-se a ação biomecânica do órgão avaliado.

Resistência muscular localizada (RML) - Por definição, a RML é a capacidade de um segmento do corpo realizar e sustentar um movimento por um período longo de tempo; de forma geral, refere-se a uma tolerância ao cansaço.
Alguns fatores interferem diretamente em seu desempenho:
• força muscular;
• número de capilares em funcionamento;
• reserva de energia no músculo;
• rápida recuperação energética;
• concentração de mioglobina muscular e;
• capacidade psicológica de suportar os esforços.

Resistência
Resistência anaeróbica – é a capacidade de o indivíduo sustentar o maior tempo
possível uma atividade física sem a presença de oxigênio (condições anaeróbicas). Como na RML, alguns fatores influenciam a resistência anaeróbica:
• reserva de ATP (Adenosina Trifosfato) e CP (Creatina Fosfato) utilizadas nas vias energéticas anaeróbias láticas;
• capacidade de resistência ao trabalho anaeróbio;
• fadiga neuromuscular;
• rápida recuperação energética.
Para se medir a resistência anaeróbica são utilizados testes de curta duração e intensidade alta, como o teste de 40 segundos de Matsudo.
Resistência aeróbica – é a capacidade de o indivíduo realizar um exercício com certa intensidade e duração longa, utilizando energia proveniente do metabolismo oxidativo, isto é, com a presença de oxigênio.
O fluxo sanguíneo periférico e a capacidade respiratória da célula influenciam a resistência aeróbica. Os testes para se medir a resistência aeróbica podem ser:
• direto – medindo o consumo de oxigênio direto;
• indireto – o consumo de oxigênio é calculado em função da frequência cardíaca, distância percorrida, da resistência do ergômetro, entre outros. O Teste de Cooper, citado anteriormente, é um exemplo de teste de resistência aeróbica.



Velocidade - É a capacidade de o indivíduo, no menor tempo possível, realizar movimentos rápidos e sucessivos com o mesmo padrão. Há dois tipos de velocidade:
• Velocidade de reação – capacidade de resposta a um estímulo o mais rápido possível.
• Velocidade de deslocamento – capacidade de deslocamento de um ponto a outro no menor tempo possível. Exemplos: teste da régua e tiro dos 50 metros.

Potência - Capacidade de o indivíduo realizar uma contração muscular máxima no menor tempo possível. Fatores como força, velocidade, estrutura corporal e peso influenciam na performance da potência. A aferição da potência geralmente é feita por meio de um único movimento; contudo, existem testes que utilizam o número de repetições que o indivíduo realiza em um tempo muito pequeno, alternando de 5 s a 10 s. O teste de impulsão vertical e o salto longitudinal são exemplos de testes realizados para se medir a potência.

Flexibilidade - É o grau de amplitude do movimento em uma articulação. Como fatores que influenciam na flexibilidade, podemos citar os músculos, os ligamentos, tendões, superfície óssea e as partes moles das articulações. E ainda a idade, gênero, composição corporal, temperatura ambiente e tolerância à dor. Ela pode ser medida de três formas:
• medida angular – com o uso de instrumentos específicos que fornecem os valores obtidos em graus;
• medida linear – medindo-se a distância de um ponto do corpo a um ponto de referência com auxílio de uma régua ou trenas específicas;
• medida admensional – por meio de valores dados às observações feitas pelo avaliador e das amplitudes dos movimentos feitos pelo avaliado.

Agilidade - É a capacidade de o indivíduo realizar movimentos rápidos com mudança de direção e sentido. Um teste bastante conhecido é o teste de shuttle run.

Equilíbrio - É a habilidade que permite ao indivíduo manter o corpo em uma posição estática e em uma postura eficiente, quando estiver em movimento. Entre os fatores que influenciam o equilíbrio, estão:
• tônus muscular;
• percepção visual;
• sistema nervoso central;
• funcionamento das estruturas do ouvido interno.
O teste do avião é uma forma de avaliar o equilíbrio.

Coordenação - É a capacidade de realização de tipos integrados de movimento, com padrão específico. É influenciado pela agilidade, flexibilidade, equilíbrio e percepção cinestésica (conhecimento pelo indivíduo da posição de seu corpo em movimentação no espaço). Na prática esportiva, essa valência física é caracterizada por coordenação olho/mão e coordenação olho/pé, sendo elementos importantes de performance para alguns esportes, uma vez que influenciam em gestos de precisão, como arremessos, lançamentos e chutes.

Bibliografia
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ZAKHAROV, A.; GOMES, A. C. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1992.

Um comentário:

  1. Excelente! A matéria ficou completa. Os alunos dos 9º anos estão entusiasmados com conteúdo.

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