Os objetivos e as propostas da Educação Física foram se modificando ao longo dos últimos anos, dessa forma
influenciando na formação profissional e suas praticas pedagógicas.
No Brasil, a Educação Física na escola
recebeu da área médica, com ênfase nos discursos pautados na higiene, na saúde
e eugenia, dos interesses militares e também, a partir do final da década de
1960, dos grupos políticos dominantes, que viam no esporte um instrumento
complementar de ação. Nesse contexto a Educação Física passou a ter a função de
selecionar os mais aptos para representar o país em diferentes competições. O
governo militar apoiou a Educação Física na escola objetivando tanto a formação
de um exército composto por uma juventude forte e saudável como desmobilização
de forças oposicionistas. Assim, estreitaram o vinculo entre esporte e
nacionalismo.
A partir da década de 1980, em virtude
do novo cenário politico, esse modelo de esporte de alto rendimento para escola
passou a ser fortemente criticado e como alternativas surgiram novas formas de
pensar a educação física na escola. Dessas considerações resultou um período de
crise que culminou com lançamento de diversos livros e artigos que buscavam,
além de criticar as características reinantes na área, elaborar propostas e
pressupostos que viessem a tornar a educação física mais próxima da realidade e
da função escolar. É preciso ressaltar, no entanto, que, apesar das mudanças no
discurso, características desse modelo ainda influenciam muitos professores e
sua prática.
Também é verdade, que em, alguns casos,
a critica excessiva ao esporte de rendimento voltou-se para o outro extremo, ou
seja, assistimos ao desenvolvimento de um modelo no qual os alunos que decidem
o que vão fazer na aula, escolhendo o jogo e a forma que querem praticá-lo, e o
papel do professor se restringe a oferecer uma bola e marcar o tempo.
Praticamente o professor não intervém.
Esse modelo não foi defendido por
professores, estudiosos ou acadêmicos. Infelizmente ele é bastante
representativo no contexto escolar, mas provavelmente tenha nascido de
interpretações inadequadas e das condições de formação e trabalho do professor.
A pratica de “dar a bola” é bastante
condenável, pois se desconsidera a importância dos procedimentos pedagógicos
dos professores. Num paralelo poderíamos questionar se os alunos são capazes de
aprender o conhecimento histórico, geográfico ou matemático sem a intervenção
ativa dos professores.
Uma nova proposta da Educação Física
surge e ultrapassa a ideia de estar voltada apenas para o ensino do gesto motor
correto. Cabe ao professor de Educação Física problematizar, interpretar,
relacionar, analisar com seus alunos as amplas manifestações da cultura
corporal, de tal forma que estes compreendam os sentidos e significados
impregnados nas práticas corporais.
Após um ciclo de aulas de Educação Física os alunos deveriam ter condições de manter uma pratica esportiva
regular, se assim o desejassem, sem o auxilio de especialistas. Neste sentido
deverão compor o rol de conteúdos da Educação Física na escola, numa dimensão
mais biológica, por exemplo, as relações entre nutrição gasto energético e as
diferentes práticas corporais; as relações entre exercício, lesão e uso de
anabolizantes; o desenvolvimento das capacidades físicas (Força, resistência e
flexibilidade); e a aquisição e melhoria da saúde e da estética.
Numa dimensão mais acentuadamente
sociocultural, devem ser esclarecidas aos alunos as relações entre esporte,
sociedade e interesses econômicos; a organização social, o esporte e a
violência; o esporte com intenção de lazer, a historia, o contexto da
diferentes modalidades esportivas, a qualidade de vida, a atividade física e o
contexto sociocultural; as diferenças e a similaridade entre a pratica dos
jogos e dos esportes, as adaptações para a prática do esporte voltado para o
lazer, entre outros temas.
Texto extraído e adaptado do livro “Para ensinar Educação Física”
Possibilidade de intervenção na escola – Suraya Cristina Darido/ Osmar Moreira
de Souza Junior.
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