quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Vídeo com dança circular Munchnerpolka


Brasileira Duda Amorim é eleita a melhor jogadora de handebol do mundo

O handebol brasileiro continua em alta, no feminino. Atual campeã do mundo, após o título na Sérvia, em 2013, a seleção brasileira pode se orgulhar de contar com a melhor jogadora do planeta em 2014. A armadora esquerda Eduarda Duda Amorim foi eleita em votação popular via internet, organizada pela Federação Internacional de Handebol (FIH). A brasileira assegurou 35,2% dos votos. Na eleição masculina, o vitorioso, com 33% das indicações, foi o pentacampeão mundial pela França Nicola Karabatic.

Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/brasileira-duda-amorim-eleita-melhor-jogadora-de-handebol-do-mundo-15440443.html#ixzz3Srld5P6v


segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Educação Física escolar – conceitos e fundamentos


A Educação Física dentro das escolas tem por objetivo trabalhar o conhecimento e a prática corporal do aluno por meio de atividades voltadas ao lúdico e ao esporte.
Ao longo de sua prática no Brasil, a Educação Física escolar apresentou cinco tendências:

• Educação Física higienista – até 1930, a Educação Física era condicionada à saúde; sua prática era uma forma de afastar os indivíduos de hábitos nocivos à saúde e à moral, comprometendo a vida coletiva.

• Educação Física militarista – entre 1930 e 1945, a prática enfatizava a disciplina pessoal e a “purificação” da raça, buscando uma juventude capaz de aguentar os ambientes de guerra, luta e combate. O preparo físico não focava apenas a prática militar, mas também padrões de comportamento dirigidos à sociedade.

• Educação Física pedagógica – de 1945 a 1964, a prática voltava-se a atividades educativas e era recomendada para uma educação do movimento para a promoção de uma educação global. Possuindo um lado de utilidade social, levava os alunos a aceitar as normas do convívio democrático.

• Educação Física competitiva – após o ano de 1964, tinha um caráter de competição esportiva, visando à superação do adversário. Buscava-se o “atleta herói”, novos talentos que levassem o Brasil ao topo do esporte mundial. As aulas de Educação Física promoviam a iniciação esportiva e o desporto de alto rendimento. Com a falta de resultados, sua prática na escola foi questionada e logo saiu de uso, dando oportunidade a uma nova tendência.

• Educação Física popular – surgida após o ano de 1980, tinha como foco principal o lúdico, a cooperação, a organização e a mobilização para a construção de um ser humano voltado à prática corporal, preocupado em como se movimentar, e não apenas com o movimento em si.


Atualmente, a Educação Física escolar tem como objetivo contribuir para a formação global dos alunos, utilizando-se do desenvolvimento das capacidades motoras, cognitivas, sociais e afetivas, com o intuito de criar o hábito de uma prática regular de atividades físicas voltadas a uma vida saudável.
GRUPO DE TRABALHO MATUTINO

CONTEXTO ATUAL E FINALIDADES DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Os objetivos e as propostas da Educação Física foram se modificando ao longo dos últimos anos, dessa forma influenciando na formação profissional e suas praticas pedagógicas.
No Brasil, a Educação Física na escola recebeu da área médica, com ênfase nos discursos pautados na higiene, na saúde e eugenia, dos interesses militares e também, a partir do final da década de 1960, dos grupos políticos dominantes, que viam no esporte um instrumento complementar de ação. Nesse contexto a Educação Física passou a ter a função de selecionar os mais aptos para representar o país em diferentes competições. O governo militar apoiou a Educação Física na escola objetivando tanto a formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como desmobilização de forças oposicionistas. Assim, estreitaram o vinculo entre esporte e nacionalismo.

A partir da década de 1980, em virtude do novo cenário politico, esse modelo de esporte de alto rendimento para escola passou a ser fortemente criticado e como alternativas surgiram novas formas de pensar a educação física na escola. Dessas considerações resultou um período de crise que culminou com lançamento de diversos livros e artigos que buscavam, além de criticar as características reinantes na área, elaborar propostas e pressupostos que viessem a tornar a educação física mais próxima da realidade e da função escolar. É preciso ressaltar, no entanto, que, apesar das mudanças no discurso, características desse modelo ainda influenciam muitos professores e sua prática.

Também é verdade, que em, alguns casos, a critica excessiva ao esporte de rendimento voltou-se para o outro extremo, ou seja, assistimos ao desenvolvimento de um modelo no qual os alunos que decidem o que vão fazer na aula, escolhendo o jogo e a forma que querem praticá-lo, e o papel do professor se restringe a oferecer uma bola e marcar o tempo. Praticamente o professor não intervém.

Esse modelo não foi defendido por professores, estudiosos ou acadêmicos. Infelizmente ele é bastante representativo no contexto escolar, mas provavelmente tenha nascido de interpretações inadequadas e das condições de formação e trabalho do professor.
A pratica de “dar a bola” é bastante condenável, pois se desconsidera a importância dos procedimentos pedagógicos dos professores. Num paralelo poderíamos questionar se os alunos são capazes de aprender o conhecimento histórico, geográfico ou matemático sem a intervenção ativa dos professores.

Uma nova proposta da Educação Física surge e ultrapassa a ideia de estar voltada apenas para o ensino do gesto motor correto. Cabe ao professor de Educação Física problematizar, interpretar, relacionar, analisar com seus alunos as amplas manifestações da cultura corporal, de tal forma que estes compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais.

Após um ciclo de aulas de Educação Física os alunos deveriam ter condições de manter uma pratica esportiva regular, se assim o desejassem, sem o auxilio de especialistas. Neste sentido deverão compor o rol de conteúdos da Educação Física na escola, numa dimensão mais biológica, por exemplo, as relações entre nutrição gasto energético e as diferentes práticas corporais; as relações entre exercício, lesão e uso de anabolizantes; o desenvolvimento das capacidades físicas (Força, resistência e flexibilidade); e a aquisição e melhoria da saúde e da estética.
Numa dimensão mais acentuadamente sociocultural, devem ser esclarecidas aos alunos as relações entre esporte, sociedade e interesses econômicos; a organização social, o esporte e a violência; o esporte com intenção de lazer, a historia, o contexto da diferentes modalidades esportivas, a qualidade de vida, a atividade física e o contexto sociocultural; as diferenças e a similaridade entre a pratica dos jogos e dos esportes, as adaptações para a prática do esporte voltado para o lazer, entre outros temas.


Texto extraído e adaptado do livro “Para ensinar Educação Física” Possibilidade de intervenção na escola – Suraya Cristina Darido/ Osmar Moreira de Souza Junior.

sábado, fevereiro 21, 2015

Entrevista com profissional, explica sobre o papel da Educação Física nas escolas

MATÉRIA PUBLICADA PELO SITE VEJA 

De todas as disciplinas do Ensino Fundamental, provavelmente a Educação Física foi a que sofreu transformações mais profundas nos últimos tempos. Mudanças pedagógicas e na legislação fizeram com que até mesmo sua missão fosse questionada. Se até a década de 1980 o compromisso da área incluía a revelação de craques e a melhoria da performance física e motora dos alunos (fazê-los correr mais rápido, realizar mais abdominais, desenvolver chutes e cortadas potentes), hoje a ênfase recai na reflexão sobre as produções humanas que envolvem o movimento.  Se antes o currículo privilegiava os esportes, hoje o leque se abre para uma infinidade de manifestações, da dança à luta, das brincadeiras tradicionais aos esportes radicais. Ecos da perspectiva cultural, que domina pesquisas e ganha cada vez mais espaço nas escolas.

Considerado um dos principais investigadores dessa tendência, o professor Marcos Garcia Neira, da Universidade de São Paulo (USP), defende que a principal função da Educação Física escolar é analisar a diversidade das práticas corporais da sociedade - mesmo as consideradas mais polêmicas, como danças do tipo funk e axé. Amparado por 17 anos de docência na Educação Básica e pela participação na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e das Orientações Curriculares do município de São Paulo, Neira discute essa questão provocadora e avalia os principais desafios da disciplina.
Por que a Educação Física mudou tanto nos últimos anos?
MARCOS GARCIA NEIRA Foi uma mudança que acompanhou uma série de outras transformações. Na sociedade, grupos que não tinham sua voz ouvida ganharam espaço, o que impactou o currículo. A escola, antes voltada apenas para o conhecimento acadêmico ou a inserção no mercado, passou a visar a participação do aluno em todos os setores da vida social, o que mexeu com os objetivos da área. E a própria legislação, que desde a década de 1970 apontava um compromisso com a melhoria da performance física e a descoberta de talentos esportivos, foi substituída em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que propõe que a Educação Física seja parte integrante da proposta pedagógica da escola.
Na prática, quais foram as principais transformações?
NEIRA Eu acredito que a Educação Física passou a ser reconhecida como um componente importante para a formação dos alunos. Antes, eram comuns as aulas fora do período regular, as dispensas por motivos médicos ou a substituição por atividades pouco relacionadas com a área, como conselhos de classe, por exemplo. Tudo isso colaborou para construir, na cabeça de alunos e professores, a representação de uma disciplina alheia ao projeto escolar, que servia apenas como recreação ou passatempo e não tinha nenhum objetivo pedagógico. Hoje, essa concepção não é mais dominante.
Qual é o objetivo da Educação Física escolar hoje?
NEIRA É o mesmo objetivo da escola: colaborar na formação das pessoas para que elas possam ler criticamente a sociedade e participar dela atuando para melhorá-la. Dentro dessa missão, cada disciplina estuda e aprofunda uma pequena parcela da cultura. O que a Educação Física analisa é o chamado patrimônio corporal. Nosso papel é investigar como os grupos sociais se expressam pelos movimentos, criando esportes, jogos, lutas, ginásticas, brincadeiras e danças, entender as condições que inspiraram essas criações e experimentá-las, refletindo sobre quais alternativas e alterações são necessárias para vivenciá-las no espaço escolar.
Como deve ser uma aula ideal?
NEIRA Certamente não deve ser a do tipo "desce para a quadra, corre, corre, corre, sua, sua, sua e volta para a sala". A Educação Física proposta na escola não pode ser a mesma proposta em outros espaços. Se é apenas para o aluno se divertir, existem lugares para isso - ginásios públicos e centros comunitários, por exemplo. Se é somente para aprender modalidades esportivas, melhor procurar um clube ou uma academia. A escola não serve para formar atletas, mas para refletir e entender as manifestações culturais que envolvem o movimento.
Um exemplo concreto: como abordar o futebol nessa perspectiva?
NEIRA O trabalho pode começar com a turma experimentando jogar futebol, mas não pode parar por aí. A vivência de qualquer modalidade na escola exige reflexão e adaptação. Propondo uma pesquisa, é possível levar os alunos a conhecer outros tipos de futebol - de campo, de quadra, de areia, feminino -, conhecer quem pratica o esporte hoje, como se jogou no passado e como se pode jogar na escola. É importante que eles saibam, por exemplo, que o esporte já foi praticado sem juiz, que os atletas não tinham números na camisa e que o pênalti era cobrado de outra maneira. Com base nessas informações, voltam à prática já atentos a novas questões: é preciso arbitrar os jogos? Como fazer meninos e meninas participar simultaneamente? E as crianças com deficiência?
Apesar de a disciplina ter se tornado mais reflexiva, as atividades práticas continuam sendo importantes?
NEIRA É claro. A vivência segue sendo fundamental porque é somente por meio dela que a turma sente a necessidade de fazer adaptações, algo presente em todas as modalidades. Afinal, elas se transformam conforme "conversam" com a sociedade. O voleibol, por exemplo, mudou seu sistema de pontuação principalmente para se adaptar às transmissões de TV. Essa lógica vale para todas as manifestações corporais, mesmo as mais lúdicas. Quando alguém brinca de pega-pega na rua, brinca de certo jeito. Quando vai brincar com 35 crianças na escola, precisa adaptar a atividade para que ela funcione.
Campeonatos e festivais esportivos continuam tendo espaço?
NEIRA Particularmente, acho que montar uma seleção com seis a 12 alunos e deixar 300 sem aula para disputar uma competição é fabricar adversários. Não podemos partir do pressuposto de que um pequeno grupo vai ser privilegiado e participar da atividade enquanto a maioria vai apenas torcer, ou nem isso. Agora, se os educadores consideram a competição algo importante, é possível, sim, organizar eventos, mas de uma perspectiva diferente. Sugiro, por exemplo, combinar de levar uma turma de 5ª série para jogar com a de uma escola próxima, negociar regras, fazer todo mundo participar da experiência e realizar uma avaliação conjunta depois, discutindo o que os jovens acharam da atividade e como melhorá-la numa próxima vez.
Como lidar com crianças que demonstram especial habilidade em alguma modalidade esportiva?
NEIRA Devemos estimulá-las a prosseguir. Entretanto, o lugar para continuar com o trabalho não pode ser a escola, mas instituições especializadas para a prática esportiva. A escola tem como função ajudar a compreender o mundo e sua cultura. Não há como desenvolver um projeto esportivo se o que se pretende é contemplar todos os alunos.
Alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, usam as escolas como base para revelar atletas. Isso pode ser uma alternativa para o Brasil?
NEIRA O incentivo ao esporte visando a participação em eventos internacionais já foi a política oficial da Educacão Física em nosso país na década de 1970. Não deu certo. Ainda que algumas nações vejam na disciplina uma forma de aprimorar o desenvolvimento motor e físico, esse enfoque competitivo e as atividades de treinamento costumam ocorrer em momentos extra-aula.
Como saber quais esportes, jogos, lutas, danças e brincadeiras devem fazer parte do currículo?
NEIRA O ponto de partida é sempre o diagnóstico inicial. O interessante é que esse mapeamento do patrimônio cultural corporal da turma - as práticas ligadas ao movimento que os alunos conhecem ou realizam - revela uma realidade mais diversificada do que imaginamos. A garotada brinca de esconde-esconde, conhece skate pela TV, tem algum parente que pratica ioga e conhece malha ou bocha porque os idosos jogam na praça. É possível ainda fazer outros mapeamentos. O professor pode passear pelo bairro observando manifestações corporais e equipamentos esportivos. Há academias ou ruas de caminhada, por exemplo?
Mas é preciso escolher algumas práticas no meio de tanta diversidade. Como fazer isso?
NEIRA Antes de mais nada, é fundamental ter em mente as finalidades do projeto pedagógico da escola - devemos lembrar que a Educação Física não pode ser uma prática alienada. Além disso, a perspectiva cultural da disciplina considera quatro princípios importantes na definição do currículo. O primeiro é que a matriz de conteúdos deve dialogar com todos os grupos que compõem a sociedade - e trabalhar só com esportes modernos contradiz esse princípio. O segundo é a noção de que o aluno precisa enxergar na sociedade as manifestações que está estudando. O terceiro é entender e respeitar as possibilidades de cada estudante, evitando, por exemplo, as avaliações por performance. E o quarto é o professor repensar constantemente a própria identidade cultural para aperfeiçoar o currículo.
Qual deve ser a postura da escola quando a cultura corporal dos alunos inclui danças como o funk e o axé?
NEIRA Não devemos fechar os olhos para essas manifestações, pois podem ser danças que os estudantes cultuam fora da escola. Isso não significa que devemos ficar apenas com aquilo que eles conhecem. Se o professor focar só os aspectos superficiais do funk e do axé, ensaiando coreografias, por exemplo, não estará cumprindo seu papel. Por outro lado, um trabalho crítico ajuda as crianças a analisar e interpretar o que são essas danças, contribuindo para que elas conheçam a própria identidade cultural e entendam quem são. A chamada cultura de chegada dos estudantes é um bom ponto de partida para um trabalho em direção a uma cultura mais ampla. A escola deve sempre fazer essa ponte entre o repertório conhecido e o desconhecido.
Como isso funciona na prática?
NEIRA É preciso transformar o conhecimento dos alunos em objeto de análise e investigação pedagógica. Considero válido, por exemplo, um projeto que aborde o funk e o axé no contexto de outras danças contemporâneas, estudando as letras, entendendo o que está embutido nelas, as práticas interessantes ou desinteressantes que acompanham essas manifestações. Em seguida, é possível convidar dançarinos ou trazer vídeos para apresentar outras danças, ampliando o repertório da turma. É um trabalho multicultural porque considera diversos tipos de prática corporal, mas é um multiculturalismo crítico porque questiona e analisa cada uma delas.
Como desenvolver o senso crítico?
NEIRA Comparando, indagando e aprofundando conteúdos para que a turma reflita. Depois de pular amarelinha, pense por que existem as "casas" do céu e do inferno. Durante o estudo dos exercícios físicos, reflita por que a academia se transformou numa espécie de espaço sagrado da saúde se as qualidades físicas alcançadas por lá também são obtidas, de graça, no parque. Uma Educação Física que trabalha apenas com o movimento não constrói esse senso crítico.

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